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quinta-feira, 16 de junho de 2011

E se os ursos Ajudace os seres humanos irem a Marte


Ursos hibernam cinco a sete meses
Ainda é ficção científica: se alguma vez for possível induzir a hibernação num ser humano, as privações de uma viagem de longo curso como a que está a ser planeada para Marte dentro de dez anos seriam um desafio bem menor. A ideia foi reforçada ontem com uma análise inédita da hibernação de um grande mamífero, o urso-negro.

Os investigadores da Universidade de Alaska Fairbank acompanharam os períodos de hibernação da espécie Ursus americanus. Descobriram que estes animais sobrevivem sete meses sem comer ou beber com exigências calóricas mais baixos do que se imaginava.


A actividade metabólica dos ursos fica reduzida a 25% face aos valores médios durante o período de vigília e a frequência cardíaca desce de 55 batidas por minuto para um mínimo de nove. Quando despertam, o organismo dos ursos mantém--se em modo de poupança durante três semanas. É uma economia impressionante - tendo em atenção que um urso adulto chega a ingerir 16 quilos de alimentos por dia - mas o que mais surpreendeu os cientistas pode parecer um pormenor. Os ursos batem recordes e só arrefecem seis graus durante este período, de 36oC para 30oC, quando se pensava que a taxa metabólica dos mamíferos abrandava 50% por cada quebra de dez graus na temperatura corporal.

As experiências agora publicadas na "Science" decorreram no final dos anos 90. Quatro ursos foram capturados no habitat natural e levados para uma área de floresta junto à universidade no interior do Alasca, onde hibernaram de forma espontânea em tocas de madeira. A equipa liderada por Øivind Tøien seguiu--os dia e noite com câmaras de infravermelhos e implantes capazes de monitorizar temperatura, frequência cardíaca e actividade metabólica. Os detalhes vêm enriquecer os manuais: durante a hibernação mudam de posição entre uma vez a cada dois dias e duas vezes por dia. A temperatura começa a aumentar duas a quatro semanas antes de despertarem, pela altura da Primavera.

Se vai viajar, hiberne "As viagens a Marte ou até mais longe vão provavelmente contar com reservas calóricas limitadas, tal como os ursos durante a hibernação", comentou ao i Øivind Tøien. "Os ursos mostram-se capazes de evitar a perda de músculo e massa óssea apesar de passarem cinco a sete meses na toca, o que seria bastante útil numa viagem espacial de longo curso." Posto isto, há um problema enorme: "Não sabemos como é que os ursos reduzem o metabolismo", resume Tøien. "Hoje os médicos tentam reduzir o metabolismo em casos de trauma ou cirurgias arrefecendo os doentes, o que envolve outros riscos", aponta o investigador. Na clínica, diz o cientista, uma nova técnica podia salvar mais vidas.

A ideia de usar a hibernação no espaço foi notícia em 2004, quando Marco Biggiogera, da Universidade de Pavia, em Itália, anunciou ter conseguido fazer hibernar células humanas em laboratório com uma substância parecida com um opióide. Em 2008, um anestesiologista da Universidade de Harvard anunciou ser possível abrandar o metabolismo de ratinhos com ácido sulfídrico.

Esta semana houve boas notícias, pelo menos no que toca aos voos espaciais de longo curso. Os astronautas que participam no projecto Mars500, viagem virtual a Marte com a duração de 520 dias (na melhor das hipóteses uma missão de ida e volta levará dois anos) para aprofundar os desafios técnicos e clínicos, passearam durante 1h 12m no planeta vermelho simulado no Instituto dos Problemas Biomédicos, em Moscovo. Um deles, fixe o nome, Diego Urbina, disse até na brincadeira que tinha sido o primeiro homem a pisar Marte. Regressam a "casa" em Março. 

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